O DMC Latam 2014 começou nesta quinta-feira, 13/08. O evento está sendo realizado no mesmo local do ano passado, na Rua Martins Fontes, 330, no Hotel Braston. Este ano consegui chegar cedo e peguei o café da manhã.
A abertura deste ano teve um narrador, daqueles com voz de filmes, explicando a agenda do evento e fazendo os agradecimentos aos patrocinadores. Seguido pelo Rossano falando sobre realizações da DAMA desde o ano passado e sobre as palestras do dia.
O DMC Latam deste ano distribuiu um brinde na entrada para todos os participantes e também um exemplar do livro “A função do Chief Data Officer - Reorganizando os cargos executivos para alavancar o seu mais valioso ativo”.
A Laila começou a palestra falando sobre Analytics. “2014: the year big data goes mainstream” estava em um dos seus slides, e vendo o mercado de TI local, vagas na Apinfo de Big Data, certificações em Big Data da Cloudera e empresas e mais empresas usando Hadoop, Splunk e outras ferramentas do tipo por aqui, acredito que ela esteja correta.
Misturando nomes de autores, universidades, conceitos de estatística, com conceitos e situações reais encontradas em empresas, Laila conseguiu explicar muito bem sobre Analytics e como é difícil analisarmos os dados, onde estamos e para onde vamos em Analytics, explicando muito bem sobre Big Data, Cloud Computing, Machine Learning, oportunidades e desafios.
“Analytics is not only big data, because you can do analytics on small data too”
O que gostei mais na palestra dela foi que não só explicou os princípios de data analysis, em pouquíssimo tempo para o assunto, mas também mostrou algoritmos, machine learning, Open Source e os desafios tecnológicos que temos.
Ela explicou sobre os três tipos de analytics clássicos que utilizamos (mas também mostrou que há níveis mais avançados). Ela entrou em mais detalhes sobre o Descriptive Analytics (relatórios), utilizando o sistema de recomendações do Netflix como exemplo.
Também falou sobre Predictive Analytics, que tenta responder, com base em tudo o que temos, o que poderia acontecer. Como exemplo ela utilizou o sistema de fraudes de sistemas de cartões de crédito, com base no comportamento dos usuários.
O terceiro tipo de analytics, foi o Perspective Analytics. Que tenta mostrar o que devemos fazer, com base nos dados que temos. Como por exemplo otimizar a manufatura.
O restante da palestra da Laila foi recheado de exemplo reais, com casos da Nasa, Facebook e Fivethirtyeights. Ainda falou sobre ferramentas como Hadoop, R, Weka, SGS, Statistica, entre outras ótimas ferramentas, muitas delas Open Source. Ótima palestra, deu início ao DMC-Latam muito bem!
A segunda palestra foi de um dos patrocinadores do evento, com Ronaldo Sachetto e Suely Marcantonio, ambos da Boa Vista Serviços. Sachetto começou falando sobre Big Data, dados não estruturados, o CDO da empresa (criado por Mario Farias) e como o organograma, processo, papéis e responsabilidades foram importantes para a gestão de dados na Boa Vista, que é certificada no nível 4 pelo DAMA.
Suely deu continuidade, falando sobre o que a Boa Vista começou a fazer após implementar o gerenciamento de dados e obter a certificação. Eles aplicaram o Lean Six Sigma para melhoria dos processos, adotando uma série de métodos e boas práticas.
Ela também falou sobre o projeto para melhoria dos processos na Boa Vista, como os dados eram utilizados e quais foram os ganhos para a empresa. Sachetto havia mencionado na introdução sobre o desafio de traduzir para diretoria, presidência e acionistas os benefícios da gestão de dados e governança dos processos, o que gerou perguntas e comentários a respeito em outras palestras também.
Algo legal também foi que nos últimos slides da palestra anterior, a Laila Moretto mencionou a importância das pessoas e do investimento no conhecimento delas; Sachetto e a Suely também focaram bastante na importância do pessoal para processos.
“As vezes trabalho há trinta anos na mesma coisa, e acho que conheço tudo. Mas tecnologia muda, e tem muita coisa nova que precisamos aprender”
A palestra da Karen teve início logo após o coffee break e ela começou listando alguns padrões de modelos de dados. Quando perguntou quem utilizava algum dos padrões de modelos existentes apenas uma pessoa levantou a mão (de 250 pessoas). Então talvez padrões de modelos de dados seja algo que podemos aprender e começar a utilizar melhor.
Ela usou vários casos interessantes como um modelo de dados de sistemas da Justiça Americana. Onde era preciso ter um modelo que contemplasse partes do corpo para auxiliar na identificação de pessoas. Criar um modelo de dados que suporte dados como “tatuagem no antebraço direito” realmente deve ser desafio e tanto.
Eu não sabia que haviam tantos padrões de modelos de dados pré-definidos e distribuídos livremente. A Karen também listou outros exemplos como padrões para indústrias de petróleo, artes, vendas de varejo, fast food, combustíveis, departamento pessoal, billing e contabilidade.
Algo que me interessou também foi que Karen comentou que há vários grupos de voluntários trabalhando nos modelos, e muitas vezes um modelo Americano é utilizado, mas eles precisam localizar e adaptar o modelo para outros países. Pelo que entendi, falta gente para ajudar, e não há muita gente do Brasil ajudando ainda.
Gostei deste “convite” que ela deixou em aberto :-) Comum ver este tipo de comentário em palestras de ferramentas Open Source, e normalmente alguém aprende a respeito e tenta colaborar e se envolver com o assunto.
A Karen ainda explicou que ela é contratada também para adaptar estes modelos existentes para a realidade de clientes. Nunca vi um projeto utilizar um padrão existente para o modelo de dados, mas próximo projeto com certeza vou procurar se existe algo antes de começar a escrever código.
“I call it data model forensics, you have to be like a data modeler investigator”
E ela falou também que pela experiência dela, utilizar um modelo existente não significa exatamente que você desenvolverá mais rápido, mas sim que será feito de uma maneira diferente, e com maior qualidade.
Foi uma palestra em que cada slide e cada comentário dela tinham sempre informações interessantes, e muitas dicas úteis para qualquer pessoa interessada em utilizar padrões de modelo. Como diria amigo meu, essa palestra foi um trem bão demais!
Ana e Max falaram sobre o case da Esillor, empresa francesa. O desafio deles era centralizar dados de clientes e laboratórios de diversas fontes. Já havia um projeto iniciado nos Estados Unidos, mas pelo que entendi a solução existente funcionava mas não atendia o modelo novo da Esillor no Brasil.
Ela detalhou todos os passos do projeto, como portal Web, integração com laboratórios e áreas internas. Esta foi uma palestra com um case interessante e mostrou bem pelo que passaram e como gerenciaram o projeto.
No final da palestra o Max Rabello, da MD2, expôs como eles atuam com MDM, padrões do DAMA e como ajudaram a Esillor neste case.
Esta palestra ocorreu em paralelo à palestra do Rossano Tavares (“Direcionamento estratégico de ações a partir da análise de maturidade em gestão, governança e qualidade de dados”).
Rosália é diretora e fundadora da Documentar. Ela começou falando sobre e-mails, como trocamos e-mails, a quantidade de anexos, e que as vezes até criamos workflows com e-mails. Falou também sobre mídias sociais e todo o montante de conteúdo que geramos e utilizamos todos os dias.
Além de ótima palestrante, ela também mostrou que conhece muito do mercado atual, desafios e oportunidades. E também conhece bem de análise de dados, ciência de dados, ontologias, taxonomias e como isso pode ser utilizado em grandes empresas.
O próximo passo foi explicar o que é ECM e como ele funciona em uma empresa. Para isso ela começou por um histórico do ECM no Brasil, desde 1980 começando com GED, partindo para ECM e agora virando EIM. Sem perder o fluxo da palestra, Rosália começou a explicar porque projetos de ECM falham em empresas com experiências reais.
Na sequência falou como projetos de ECM funcionam em empresas também, e sobre a importância de processos e metodologia, e também sobre cases da Documentar.
Ótima palestra, logo depois do almoço e todo mundo super ligado na Rosália. Feliz demais dela ter mencionado ontologias e taxonomias já que estou em um projeto com RDFs, metadata e ontologias.
Esta palestra ocorreu em paralelo à palestra do Antônio Plais (“Negócios e dados integrados por meio de modelo de decisão”).
O palestrante Ivan possui experiência acadêmica e como consultor atuando em projetos de experiência do cliente.
“Estamos na era do cliente”
Ele explicou muito bem sobre como empresas podem utilizar dados sobre o cliente para criar conteúdo direcionado para ele. Ano passado acredito que a Acxiom teve uma palestra parecida, então acredito que o tópico seja realmente importante para empresas.
Ivan também comentou sobre taxonomia (comentado na palestra da Rosália) e tipos de analytics (ele mostrou os mesmos tipos da palestra da Laila Moretto). Bacana ver que os palestrantes e o mercado estejam bem sintonizados sobre tecnologias e conceitos.
Única palestra com Big Data no título, mas com um atrativo a mais, por ser de um funcionário Oracle.
Penúltima palestra do dia, logo depois de um coffee break. Adolfo focou desde o início em Big Data, e como este conceito pode ser utilizado em empresas. Comentou ainda sobre Mainframe, Cloud Computing, Bancos de Dados e, claro, Hadoop.
Ele mostrou principalmente casos de hospitais utilizando Big Data, e como é possível conseguir transformar projetos deste tipo em valor com dados de volumes grandes sendo processados rapidamente.
Aprendi na palestra dele que a distribuição utilizada pela Oracle para Hadoop é da Cloudera. Ele também fez uma ponte entre Hadoop e dados relacionais com NoSQL fazendo o meio de campo. E ainda falou da importância dos Data Scientists para projetos de Big Data, e como é difícil encontrar um bom hoje em dia - e concordo 100% nisso. Acho que empresas deveriam investir muito para ter estes profissionais.
Gostei porque ele não focou em falar sobre os produtos da Oracle (apesar de ter falado sobre) mas sim na importância e benefícios de projetos de Big Data nas empresas.
Última palestra do dia mas fiquei super interessado em ouvir o Waldeci. Ele não é um palestrante convencional. Quando que eu iria em um evento de dados e teria a chance de ouvir um bombeiro passar a sua experiência gerindo dados e situações críticas?
Ele comentou que o que chamamos de processos eles chamam de procedimentos. Algo muito interessante já que é comum ter definições diferentes para o mesmo termo em diferentes áreas. Com muito humor fez um divertido retrospecto sobre o primeiro dia do DMC Latam 2014 e resumiu tudo o que ele havia (ou não) entendido.
Ele brincou sobre a palestra do Prof. Ivan, sobre clientes. Já que os clientes do corpo de bombeiros são um pouco diferentes (geralmente pessoas envolvidas com acidentes)
“Situações críticas: têm alto risco, são dinâmicas, complexas e confusas”
“Para controlar o caos: metas claras, integração das partes, instrumentos efetivos (tecnologia, plano de ação, contigência).”
A palestra do Major Waldeci foi muito humana, e uma das que mais gostei em eventos até hoje. Ele disse que se sentia como um peixe fora d’água no DMC Latam 2014, devido ao conteúdo mais voltado ao público técnico ou de TI. Porém acredito que ele se encaixou perfeitamente no escopo do evento.
Ele comentou também sobre o SCI, um sistema criado pelos bombeiros da Califórnia para controlar incidentes, utilizado durante os incêndios de 70. Um sistema que reúne informações de diversas fontes para ajudar na decisão.
Acredito que muitos participantes aprenderam como gerenciar melhor crises na empresa. Parabéns pela palestra Major Waldeci! Fiz questão de ficar um tempo mais e conseguir tirar uma foto com ele.